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sábado, dezembro 27, 2025

peça teatral "Tinha de Ser..." (1920)

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Mais uma relíquia do meu acervo! 

Ficha Técnica da Obra

ElementoDetalhe
TítuloTinha de Ser...
AutoresMário Domingues e Mário Magalhães
GêneroComédia em 3 atos
Estreia31 de agosto de 1920, Teatro Trianon (Rio de Janeiro)
CompanhiaAlexandre de Azevedo
EditoraN. Viggiani Editor (Rio de Janeiro, 1920)
PreçoRs. 2$500 (2º milheiro)

Contexto Histórico

  • Teatro Trianon: Espaço cultural da elite carioca na Av. Rio Branco, conhecido por peças de alta qualidade. Ele ficava localizado na Avenida Central, que posteriormente se tornou a Avenida Rio Branco. Este teatro foi inaugurado em 1911 e tinha um estilo neoclássico, com uma bela fachada e rica decoração interna. O teatro foi demolido e em seu lugar foi construído o Condomínio Século Frontin. 

  • Pós-Pandemia de 1918: Ressurgimento cultural no Rio, com investimento em teatro autoral brasileiro.

  • Movimento Nacionalista: Alinhado ao projeto de J. R. Staffa (diretor do Trianon) para fomentar o "Theatro Nacional".


O Mistério da Autoria

A peça chegou anônima ao diretor Alexandre de Azevedo, que descreveu o texto como:

"Um trabalho feito por quem sabe o que é theatro".

Os ensaios começaram antes da revelação dos autores – Mário Domingues (jornalista e crítico teatral) e Mário Magalhães (escritor menos conhecido). O editor destaca:

"Surgindo como espúria, tem a assigná-la dois espíritos brilhantes".


Estrutura da Publicação

1. Prefácio do Editor (N. Viggiani)

  • Justifica a edição como apoio ao teatro brasileiro:

    "Contribuir para o desenvolvimento do Theatro Nacional".

  • Revela o entusiasmo do elenco durante os ensaios.

  • Exalta o Trianon como espaço que "figurará em páginas de ouro" da história teatral brasileira.

2. Nota dos Autores

  • Explicam que a publicação surgiu porque:

    "Alexandre Azevedo quis reconhecer nela uma comédia para repertório escolhido".

  • Agradecem a Nicolino Viggiani por "editar peças do teatro da elite carioca".


Temas e Estilo

  • Comédia de Costumes: Crítica social disfarçada de humor, típica do teatro brasileiro dos anos 1920.

  • Linguagem: Mistura de coloquialismos cariocas e diálogos refinados (público-alvo era a elite).

  • Inovação: Uso de "action" no subtítulo (Comédia em Action) sugere dinamismo cênico incomum para época.


Valor Cultural

  1. Documento de Resistência:

    • Publicada em 1920, quando o teatro brasileiro lutava contra peças estrangeiras.

  2. Rede de Colaborações:

    • Revela parcerias entre autores, atores (Azevedo), editores (Viggiani) e empresários (Staffa).

  3. Marketing Editorial:

    • "mistério da autoria" foi usado para gerar expectativa (estratégia pioneira).


Curiosidades Relevantes

  • Alexandre de Azevedo: Ator famoso por papéis dramáticos, o que sugere versatilidade ao aceitar uma comédia.

  • Grafias Arcaicas"Theatro""mysterio""enthusiasmo" (normas pré-Reforma Ortográfica).

  • Preço AcessívelRs. 2$500 equivalia a 2 dias de trabalho de um operário – estratégia para ampliar acesso.


Sobrevivência da Obra

  • Raridade: Poucos exemplares conhecidos (não há registros na Biblioteca Nacional ou acervos digitais).

  • Legado:

    • Mário Domingues tornou-se cronista de O Paiz e crítico teatral influente.

    • O Trianon fechou em 1924, tornando esta edição um testemunho de sua era áurea.

"Tinha de Ser..." não é só uma comédia: é um manifesto silencioso pela cultura brasileira.

PREFÁCIO DOS AUTORES

A razão de ser deste livro

Quis Alexandre Azevedo reconhecer em TINHA DE SER... uma comédia que poderia entrar para o repertorio escolhido de sua companhia. Teria pela primeira vez errado o ilustre artista? E possível. Mas isso não impediria do nosso trabalho theatral constituir um exemplar a mais na bibliotheca de Nicolino Figgiani, que tomou a si, no intuito de colaborar com o seu dedicado amigo Sr. J. R. Sidfi ao levantamento do nosso theatre, a empresa de editar as peças representadas no querido theatre da elite carioca. Eis a razão de ser do presente livro.

OS AUTORES


NOTA DO EDITOR

Esta peça chegou envolta em grande mysterio às mãos do director da companhia do Trianon. Ninguém sabia quem eram os seus autores. E, logo a leitura das primeiras scenas, Alexandre Azevedo, conforme me declarou, viu que se tratava de “um trabalho feito por quem sabe o que é theatro”. O artista entrou a elogiar calorosamente a comédia e, sem perda de tempo, começou a ensaiá-la. Nessa ocasião não houve um só actor, uma só actriz do theatrinho da Avenida, que não fizesse côro aos elogios de Azevedo à “peça mysteriosa”. No Trianon o enthusiasmo pelo “encantador original de um desconhecido e curioso escriptor” foi num admirável crescendo. Eu então resolvi imprimir Tinha de Ser... Já havia dado à luz da publicidade duas obras do mesmo gênero; e foi com immenso prazer que tomei, commigo mesmo, esse compromisso.

Quando os ensaios da peça iam a meio, quando a impressão já estava combinada — eis que, com satisfação immensa para a gente do Trianon e especialmente para mim, declaram-se autores da “comédia sem autor”. Mario Domingues e Mario Magalhães, aquelle meu particular amigo, esse conhecido de pouco tempo, mas cujas qualidades de carácter e de crítico de theatre fazem com que eu sinceramente o admire.

Por todos esses motivos assume proporções enormes o prazer que experimento, oferecendo ao público ensejo de conhecer, atravez da leitura, uma obra que, surgindo como espuria, tem a assigna-la dois espíritos brilhantes como são os de Mario Domingues e de Mario Magalhães.

De resto, divulgando pelo livro esta peça, venho mais uma vez mostrar a minha sympathia pelo programma traçado pelo sr. J. R. Staffa qual seja o de contribuir o mais possível para o desenvolvimento do Theatro Nacional, determinando a montagem no seu Trianon de quantos originaes brasileiros se apresentem à altura do nível intelectual do público franqueador do theatrinho da Avenida, que, cheio de glorias, passará a figurar em paginas de ouro na história do Theatro Brazilieiro, impondo a inscripção nessas mesmas páginas do nome do conhecido empresário, amigo do Brazil e do povo deste grande paiz.

O EDITOR

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sexta-feira, dezembro 26, 2025

Obras-Primas do Terror: Horror Internacional Vol. 2

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 Esta é uma coleção de um calibre extraordinário, uma verdadeira caixa-preta do cinema fantástico mundial. É um mergulho abissal no horror e no surrealismo do Leste Europeu, uma região onde a pressão política, a censura e uma riquíssima tradição folclórica e literária deram origem a alguns dos filmes mais singulares, desafiadores e visualmente deslumbrantes já feitos. Esta não é uma seleção para iniciantes; é uma curadoria para o cinéfilo que busca o terror em sua forma mais artística, filosófica e, muitas vezes, politicamente subversiva.

Vamos à análise crítica desta jornada alucinante pela Cortina de Ferro e além.


DISCO 1: A Histeria Filosófica e o Conto de Fadas Macabro

Este disco apresenta dois dos maiores mestres do cinema da Polônia e da Tchecoslováquia, cada um explorando o fantástico através de sua lente autoral única: a do caos histórico e a da beleza grotesca.

O DIABO (Diabel, 1972)

Uma obra-prima do caos, uma experiência cinematográfica visceral e febril que só a mente de Andrzej Zulawski poderia conceber. Banido por 15 anos pelo governo comunista polonês, O Diabo é muito mais que um filme de terror; é uma alegoria política selvagem sobre a traição, a loucura e a desintegração moral de uma nação.

Análise Crítica: Assistir a O Diabo é ser jogado em um redemoinho de "realismo histérico". A trama, sobre um nobre libertado da prisão por um estranho (o "Diabo" do título) durante a invasão prussiana da Polônia, é o fio condutor para uma jornada dantesca através de uma terra devastada pela violência e pela depravação. A câmera de Zulawski é um personagem em si, frenética e voyeurista, capturando performances operísticas e fisicamente exaustivas. O horror aqui não é sobrenatural, mas sim profundamente humano. O "Diabo" não comete atos malignos; ele simplesmente sussurra, observa e dá aos homens a navalha para que eles mesmos revelem a barbárie que já existe dentro deles. É um filme difícil, denso e visualmente arrebatador, uma análise brutal da alma polonesa disfarçada de terror histórico.

O NONO CORAÇÃO (Deváté srdce, 1979)

Do mestre tcheco do macabro, Juraj Herz, vem este conto de fadas sombrio e visualmente suntuoso. Longe da fantasia infantil, este filme mergulha na tradição mais antiga e grotesca dos contos folclóricos, onde a beleza e o horror coexistem em cada quadro.

Análise Crítica: O Nono Coração é uma obra de uma beleza assustadora. Juraj Herz era um mestre em criar mundos oníricos e decadentes, e aqui ele constrói um castelo de pesadelos onde um alquimista maligno rouba a força vital da princesa para manter sua juventude. A direção de arte, os figurinos e a cinematografia são espetaculares, criando uma atmosfera que é ao mesmo tempo mágica e profundamente perturbadora. O filme se deleita no grotesco — o laboratório do mago, suas criações bizarras — encontrando uma estranha poesia na escuridão. É uma obra que prova que o horror pode ser lírico e que os contos de fadas são, em sua essência, histórias sobre os medos mais profundos da humanidade.


DISCO 2: O Crime Perfeito Soviético e o Terror Pós-Guerra Fria

Este disco mostra duas facetas do cinema de gênero russo/soviético: a capacidade de adaptar um clássico ocidental com uma fidelidade sombria e a criação de um horror moderno que reflete novas ansiedades.

E NÃO SOBROU NENHUM (Desyat negrityat, 1987)

Esta adaptação soviética do romance mais famoso de Agatha Christie é, sem dúvida, a versão definitiva para puristas. É uma tradução implacável, pessimista e brutalmente fiel ao espírito niilista do livro, algo que as versões ocidentais frequentemente suavizavam.

Análise Crítica: A genialidade desta versão está em sua recusa em oferecer conforto. O diretor Stanislav Govorukhin não altera o final sombrio do livro nem poupa o público da violência psicológica e física. A atmosfera é de uma desgraça inevitável. Os dez "pequenos negros" no centro da mesa não são apenas adereços; são o tique-taque de um relógio apocalíptico. Filmado em locações deslumbrantes da Crimeia, o filme tem uma qualidade isoladora e claustrofóbica. Cada personagem é genuinamente culpado e antipático, e não há heróis a quem se apegar. É um estudo frio e metódico sobre como a culpa e a paranoia podem destruir um grupo de pessoas de dentro para fora, antes mesmo que o assassino os alcance. Uma obra-prima do suspense.

O TOQUE (Prikosnoveniye, 1992)

Considerado o primeiro filme de terror da Rússia pós-soviética, O Toque é um artefato fascinante, um mergulho em um horror atmosférico e existencial que reflete a ansiedade e a incerteza de uma nação em colapso.

Análise Crítica: A influência de Lucio Fulci é evidente não no gore, mas na lógica onírica e na sensação de um mal incompreensível e contagioso. A trama, sobre um detetive que investiga uma série de suicídios ligados a uma força fantasmagórica, é um veículo para explorar um pavor que é ao mesmo tempo sobrenatural e profundamente psicológico. O filme cria uma atmosfera de melancolia e desespero, onde o mundo dos vivos e dos mortos parece estar se fundindo. O horror aqui é silencioso e invasivo, uma espécie de vírus espiritual que se espalha através do "toque". É uma obra que captura perfeitamente o desespero de uma era, onde as velhas certezas morreram e apenas uma angústia fantasmagórica restou.


DISCO 3: O Folclore Eslavo e a Alegoria Gótica

O disco final é uma celebração da adaptação literária, com dois mestres do cinema da Iugoslávia e da Polônia traduzindo textos fundamentais do horror gótico para a tela com uma visão autoral deslumbrante.

LUGAR SANTO (Sveto mesto, 1990)

Uma adaptação febril e blasfema da novela "Viy" de Nikolai Gogol, a pedra fundamental do horror folclórico eslavo. O diretor Djordje Kadijevic, especialista no gênero, cria uma versão mais crua, erótica e psicologicamente intensa do que suas predecessoras.

Análise Crítica: Se a versão soviética de 1967 é um conto de fadas sombrio e A Maldição do Demônio de Bava é uma ópera gótica, Lugar Santo é um pesadelo de folk horror visceral. O filme mergulha fundo no paganismo e na sexualidade reprimida que permeiam a história de Gogol. A vigília de três noites do estudante de teologia com o cadáver da bruxa é tratada como um teste de fé aterrorizante e uma provação psicosexual. A atmosfera é terrena, suja e carregada de uma tensão blasfema. É uma obra que entende que o verdadeiro horror de "Viy" não está apenas nos demônios, mas na colisão entre o dogma cristão e uma força pagã, feminina e primordial.

MEMÓRIAS DE UM PECADOR JUSTIFICADO (1986)

Do mestre polonês do surrealismo, Wojciech Has, vem esta adaptação visualmente estonteante de um clássico da literatura gótica escocesa. É um filme que funciona como um quebra-cabeça filosófico, uma meditação sobre a dualidade, o fanatismo religioso e a natureza do mal.

Análise Crítica: Como em suas outras obras-primas (Manuscrito de Saragoça, O Sanatório de Clepsidra), Has não está interessado em uma narrativa convencional. Ele cria um labirinto visual e temporal, um mundo barroco e onírico para contar a história do homem assombrado por seu doppelgänger diabólico. Cada quadro é uma pintura meticulosamente composta, cheia de simbolismo e detalhes surreais. O filme explora a ideia aterrorizante da predestinação calvinista: se alguém está "justificado" e salvo, ele pode cometer qualquer pecado? É uma obra densa, exigente e hipnótica, que usa o fantástico para questionar as fundações da moralidade e da identidade. Uma obra-prima do cinema existencialista e visualmente deslumbrante.

Afonsinho, a livre paixão do futebol"

Transcrição do Artigo "Afonsinho, a livre paixão do futebol"

Revista Programa, Jornal do Brasil, 14/12/1980

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A história da autodeterminação do jogador de futebol, profissional geralmente negociado como objeto entre os clubes, teve um capítulo decisivo no episódio da barba de Afonsinho: por se recusar a raspá-la, como queria o técnico Zagalo, ele teve seu contrato com o Botafogo rescindido e foi conseguir na justiça a liberação de seu passe. Hoje, depois de dois anos de viagens e atuações em times do interior, Afonsinho está de volta ao Rio, vestindo as cores do Madureira. “Não é um reconexo, mas uma continuação”, garante ele, já que nesses anos, embora ausente dos grandes campeonatos, nunca abandonou sua ‘paixão maior’. Aos 30 anos, Afonsinho renovou com o Madureira para a temporada de 81, depois da classificação do clube num torneio disputado, recentemente, entre times da segunda divisão. “Sou livre para escolher o melhor para mim: não gosto de me sentir usado”, desafia ele quem estranha a adesão a um time “menor”.

Paulista de Jad, pai de três filhos e também médico, Afonsinho só há alguns meses decidiu conciliar as duas atividades, dividindo seus dias entre treinos, jogos e o trabalho no Centro de Reabilitação do INAMPS. Apalvonaldo por música, amigo de compositores — Gilberto Gil dedicou-lhe Meu Caro Amigo Afonsinho, e Moraes Moreira, Espírito Esportivo — ele admite que tem lá seus ensaios guardados na gaveta. “São brincadeiras de botequim.” E embora reconheça “não saber viver sem futebol”, já pensa em escrever um livro e vai-se preparando mentalmente para abordar um dia novas carreiras, como preparador físico ou jornalista esportivo.

Afonsinho, “brincadeiras de botequim”

quinta-feira, dezembro 25, 2025

Novos ecos do Natal

 

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"Prisioneiro de um Sonho" (título original: Walls of Glass), l

  "Prisioneiro de um Sonho" (título original: Walls of Glass), lançado em 1985 e distribuído pela Manson International.

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A história gira em torno de James Flatagar (Philip Bosco), um motorista de táxi que sonha em se tornar ator, carregando traumas de infância (a perda do pai alcoólatra durante a Grande Depressão) e lutando contra obstáculos emocionais e profissionais.

O filme explora temas como realização pessoal, trauma familiar, relações parentais e a luta pela identidade artística. James busca superar seus demônios internos (ciúme, desconfiança, fúria) e reconcilizar-se com o passado para perseguir seu sonho.

James tem um relacionamento próximo com a mãe (Geraldine Page), que o apoia, mas é separado da esposa Mary (Olympia Dukakis) e busca manter vínculos com os filhos (Sean e Danny) para não repetir os erros do pai.

Andrea (Lina Thorson) é sua parceira atual, que o encoraja na jornada artística. A dinâmica familiar é central, mostrando como as cicatrizes do passado afetam suas escolhas.

James "volta ao passado" (possivelmente em flashbacks ou revivências mentais) para resgatar a admiração pelo pai e por Shakespeare, buscando renovar sua força criativa. O "disfarce" mencionado pode ser metafórico (como uma persona teatral) ou literal (no contexto da trama).

O título original (Walls of Glass) sugere fragilidade e transparência: as barreiras que James enfrenta são frágeis como vidro, mas ainda assim o aprisionam em seu próprio sonho.

Dirigido e produzido por Scott Goldstein, com roteiro de Edmond Collins e Scott Goldstein, o filme é um drama intimista, focando na performance de Philip Bosco (ator renomado no teatro e cinema independente) e no elenco de apoio estelar (Geraldine Page, Olympia Dukakis).

Lançado em 1985, reflete uma tendência de dramas character-driven da época, explorando conflitos pessoais e artísticos com realismo.

Não há menção a críticas ou prêmios, mas o elenco sugere qualidade (Geraldine Page era uma atriz premiada, e Olympia Dukakis ganharia o Oscar dois anos depois, em 1988). O filme provavelmente foi distribuído em VHS e teve circulação modesta, sendo uma produção independente.


"Prisioneiro de um Sonho" é um drama psicológico sobre a busca pela identidade artística e a cura de traumas familiares. Com um elenco talentoso e uma narrativa introspectiva, o filme aborda temas universais de esperança e resiliência, ainda que seja uma produção menos conhecida da década de 1980. A sinopse destaca seu apelo emocional e a jornada catártica do protagonista.

“Álbum de recordações”,


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Petropólis, 20 de Outubro de 1943

Minhas colegas e amigas. 

Terei muito prazer se cada uma de vós deixar gravada neste pequeno “Álbum de recordações”, (sua) simpatia e amizade através de uma poesia, de um soneto ou mesmo de uma pequena dedicatória; para que no futuro possamos viver com as recordações do passado, da nossa infância venturosa que os anos apagarão de nossas memórias.

Agradecida

Martha da Rocha Paes 

Meu avô, Oscar da Rocha Paes, deixou esse texto: 

Dedicatória a ti?
Que poderei desejar-te, minha filha?

Muito, em poucas palavras.
Pouquíssimas palavras, que, sem dúvida, equivalem a muitas:

Que sejas feliz, o que conseguirás, sendo boa filha para teu pai, tua mãe, teus irmãos, enfim, para todos; o que conseguirás avançando os estudos, procurando saber o que é seguir a moral, talvez, invulnerável, baseado em Deus — far-te-á infalível.

É a dedicatória do teu
Pai.

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Minha mãe, Martha  Rocha Paes Bulgarelli,  tinha  14 anos em 1943. Esse texto integra um álbum de recordações escolar, uma prática muito comum entre meninas entre as décadas de 1910 e 1950. Esses álbuns circulavam entre colegas de classe, que deixavam poesias, frases, flores secas, rabiscos e dedicatórias — um rito de afeto, feminilidade, amizade e formação de subjetividade.

A frase central — “para que no futuro possamos viver com as recordações do passado, da nossa infância venturosa” — exprime a consciência precoce da passagem do tempo, da memória e da perda, algo poético e melancólico.

Saudades 

Natal 1989

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                                Natal na casa de Martha Bulgarelli - Casa situada á rua

                               Major Sérgio 130 - Mosela - Petrópolis

                                                             Frames do video caseiro 

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Ecos do Natal

 

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ziraldo natal

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quarta-feira, dezembro 24, 2025

Krampus

 O Krampus é uma figura folclórica originária das tradições alpinas, especialmente na Áustria, Alemanha, Hungria, Eslovênia e outras regiões da Europa Central. Ele é frequentemente descrito como uma criatura demoníaca, com chifres, cabelo escuro e presas afiadas, que contrasta fortemente com a imagem benevolente do Papai Noel. Enquanto o Papai Noel recompensa as crianças bem-comportadas com presentes, o Krampus serve como um aviso sombrio para aquelas que se comportam mal.

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A aparência do Krampus é assustadora: além dos chifres e presas, ele é coberto por uma pelagem escura, semelhante a um demônio ou uma criatura bestial. Ele carrega consigo uma corrente com sinos, que fazem barulho enquanto ele caminha, e um feixe de varas feitas de galhos de árvores, que ele usa para punir crianças desobedientes. Segundo a lenda, as crianças que não se comportam durante o ano são levadas pelo Krampus em um saco ou cesto para o submundo, onde podem ser devoradas ou sofrer outras punições terríveis.

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O nome "Krampus" deriva da palavra alemã "Krampen", que significa "garra", reforçando sua imagem como uma criatura que agarra e pune. Sua origem está ligada a tradições pagãs pré-cristãs, que foram posteriormente incorporadas às celebrações do Natal cristão. Na noite de 5 de dezembro, conhecida como "Krampusnacht" (Noite do Krampus), ele desfila pelas ruas junto com São Nicolau, assustando as pessoas e lembrando-as das consequências de más ações.


A figura do Krampus ganhou popularidade global nos últimos anos, aparecendo em filmes, séries de TV e eventos culturais. Apesar de sua natureza assustadora, ele é visto por muitos como uma adição divertida e intrigante ao folclore natalino, representando o equilíbrio entre o bem e o mal, a recompensa e a punição.

terça-feira, dezembro 23, 2025

JACK THE RIPPER (1959)


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JACK THE RIPPER
Autor: Stuart James
Editora: Monarch Books (35 cents)
Chamada no topo:

(“Um épico arrepiante de um assassino diabólico obcecado pelo impulso de mutilar e destruir mulheres de virtude fácil”)


 ASSASSINATO SEM LIMITES

Lá embaixo, no Salão de Música de Burnett, Anne Ford observava, enfeitiçada, enquanto um rufião sorridente enfiava a mão pela frente do vestido de sua parceira…

No andar de cima, Hazel estava sendo brutalmente estuprada por um dos “cavalheiros” frequentadores… No quarto ao lado, Margaret estava sendo possuída — mas não à força… Do lado de fora, um marinheiro negociava os encantos de uma prostituta gasta pelo uso…

Na esquina, JACK, O ESTRIPADOR, espiava a névoa rodopiante, pronto para mais uma investida contra as rameiras e prostitutas de Londres. Com 29 assassinatos atrás de si, toda mulher temia ser o próximo alvo desse assassino diabólico, que atacava com um bisturi afiado como navalha e deixava suas vítimas abertas como peixes em algum canto escuro.

Sobre o filme:

“Eu vi JACK, O ESTRIPADOR, de Joe Levine. Não é para crianças nem mesmo para beatniks. Estes últimos podem ficar tão assustados que acabem indo trabalhar!” — HEDDA HOPPER

Uma cena dramática de JACK, O ESTRIPADOR, uma apresentação cinematográfica de Joseph E. Levine.
Veja o filme — leia o livro!

Publicado por
MONARCH BOOKS, INC.

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Esse texto é um exemplo cristalino da retórica sensacionalista das novelizações e paperbacks exploitation dos anos 1950, especialmente aquelas ligadas a filmes de terror “adultos” ou de apelo controverso.

Alguns pontos centrais:

1. Exploitation sexual explícita

O texto não apenas sugere violência sexual — ele a descreve de forma direta e deliberadamente chocante. O uso de termos como “brutally raped”, “being had—but not by force” e “streetwalker” cria uma gradação moral perversa que explora fantasias e medos masculinos, algo muito típico do pulp americano pré-Código mais rígido.
Isso não é mero pano de fundo narrativo: é o principal atrativo comercial.

2. Jack, o Estripador como marca

Jack não é tratado como mistério histórico, mas como marca de horror serial, quase um supervilão urbano. A menção a “29 murders behind him” ignora precisão histórica e reforça o mito hiperbólico. O foco está menos no terror psicológico e mais no sadismo gráfico (“gutted like fish”).

3. Moralismo hipócrita

Embora descreva prostituição e violência com deleite, o texto mantém um verniz moralizante: as vítimas são “harlots”, “prostitutes”, “streetwalker”. Isso cria a velha lógica exploitation: choque + punição moral, muito comum no cinema e na literatura popular da época.

4. Marketing cruzado agressivo

O trecho “See the picture—Read the book!” explicita a estratégia de sinergia industrial entre cinema independente e mercado editorial barato. Joseph E. Levine foi mestre nisso, vendendo escândalo como espetáculo cultural proibido.

5. Legitimação pela imprensa conservadora

A citação de Hedda Hopper não é casual. Ela funciona como selo paradoxal: se até uma colunista moralista se chocou, então o produto é “forte”, “adulto” e, portanto, desejável. É o medo vendido como entretenimento.

6. Importância histórica

Esse tipo de material antecipa:

  • o giallo italiano em sua exploração erótica da violência,

  • o slasher enquanto narrativa de corpos punidos,

  • e a transição do terror clássico para um terror urbano, sexualizado e cruel, que vai explodir nos anos 60 e 70.


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