segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Logo em frente

Image
          Concluir que 2013 foi um bom ano é fácil, difícil é distinguir o que você fez para torna-lo assim e mais difícil ainda é perceber que foi bem menos do que você havia imaginado. Fato é que nós reclamos tanto e criticamos de tal forma os outros na tentativa de amenizar os nossos erros, que reconhecê-los torna-se tarefa complicada e é mais fácil apenar desejar um ano novo  melhor e prometer para si mesmo uma lista de objetivos da qual você se esquecerá no segundo dia do novo ano.
         Meu resumo final do ano que logo vai embora é, apesar de tudo, que foi um bom ano. É claro que não foi preenchido apenas com momentos bons, afinal, passamos por coisas ruins durante a semana, o mês e um ano inteiro com certeza não permaneceria ileso.
         Esse ano me trouxe pessoas novas e me deu a oportunidade de entender dentre os muitos, quem eram aqueles que eu deveria cultivar para os próximos anos, e no final das contas, eu já sabia que seriam eles quando 2012 chegou ao fim. Me aproximou de alguns que me tornaram mais fortes e me afastou de alguns que me enfraqueciam constantemente.
         O primeiro ano de faculdade me surpreendeu com amigos que diferentemente do que todos insistiam em me dizer, podem sim ser tão bons quanto os de ensino médio, porque amizades não são “tão quanto”, elas simplesmente são, são quando você precisa de ombro, são quando precisam de colo e são simplesmente porque eram pra ser. A gente faz amizades porque algo naquelas pessoas fazem com que a gente os admire: Seja aquilo que é extremamente parecido conosco ou aquilo que é completamente diferente. Conheci pessoas tão maravilhosas que quero sempre manter contato, assim como me aconteceu em outros momentos da minha vida.
         Esse ano foi tão cheio de pessoas que fiz amizades no trabalho, no ponto de ônibus, nos locais onde eu menos imaginava fazer amizades e me apresentou nisso tudo, uma pessoa que eu não sabia que eu era. Afinal, viver é isso né? Surpreender-se a cada dia com os outros, com o mundo e acima de tudo, com você. A gente se conhece tão bem que acaba ficando admirado quando passam situações – ou anos- que nos provam que somos muito além do que imaginávamos.
         Me apaixonei pelo meu curso e obtive certeza sobre o que eu quero fazer para o resto da minha vida. Isso prova a ideia de uma professora minha do colégio: Você precisa antes entrar na faculdade, começar a fazer um estágio pra depois falar: “Não, eu quero mesmo acordar todo dia e fazer isso aqui.” Felizmente (ou infelizmente, eu não sei) isso aconteceu comigo.
         Também obtive essa certeza quanto a outros setores da minha vida. Ninguém me falou, mas depois de um tempo, você olha para aquele ser humano fazendo algo que você normalmente detestaria e pensa “É, eu voltaria para casa todos os dias pronta para isso.”. Conhecer outra pessoa é também se conhecer. E deixar que ela te conheça, te molde e te faça melhor, é a maior manifestação de coragem e de amor próprio que alguém pode ter. Afinal, não conseguimos amar se não soubermos nos adaptar.
         No dia 1 de dezembro de 2012, eu encerrei meu texto de ano novo com uma frase que muitos amigos meus gostaram e que foi citada nos comentários do blog: “Vê se corre bem, vê se vai devagar, se vai seguro, vê se termina as coisas do jeito certo, vê se vai ser o ano de nossas vidas e não só mais um.” Quase dois anos depois, o que eu tenho a dizer é um pouco diferente: Vê se você torna esse ano, o seu ano e não apenas mais um. Descruze os braços e pare de esperar que tudo só fique bem. Não olhe para trás para buscar felicidade e nem para baixo para enfrentar momentos difíceis; a felicidade está no futuro e para encontrá-la é necessário olhar para frente. Olhe para frente. Eu vou olhar também.

                                          -Marcella Leal

Feliz ano novo a todos. Como preveu a moça do Cacau Show a uma amiga minha: "2014 PROMEEEEETE! "

PS- Parei de escrever não (só) por lapso criativo, mas também porque meu computador quebrou. Talvez esse seja o último texto do Cabelo Cor de Rosa que um dia teve leitores e comentários, mesmo que alguns viessem na forma de amigos no dia seguinte na escola e mesmo que depois dos anos, o índice de visualização do blog continuasse tendo números e esses números não se manifestassem. Fiz amigos através desse blog, fiz parcerias, fiz contatos de MSN que hoje são contatos de Whatsapp. Talvez um dia eu volte a escrever aqui, talvez eu abra uma nova conta com um blog completamente diferente e não com o nome que criei aos 13 anos de idade, talvez eu continue a escrever nos cantos das apostilas e na última folha dos meus cadernos.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Quando

Image
         Quando a vida se torna tão frágil, que o simples movimento das mãos ou intenção de abrir os olhos tornam-se fatos notáveis, contáveis e comemoráveis. Quando um grupo imenso de pessoas, viram uma só voz e um só pedido pelo bem de alguém. Quando religião, crença e fé são apenas detalhes. Quando você percebe, que se não há Deus, há de ter alguém muito forte que comanda isso tudo. Quando finalmente, as coisas parecem estar voltando ao normal.

-Marcella Leal


(Não fiz esse parágrafo para discutir religião ou crença com ninguém, fiz porque senti a necessidade de fazê-lo e de expressar esses pensamentos.)

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Interjeicione-se

Image

         Era uma vez Clarabella e ela, ao contrário do nome, não era bela e não tinha clareza sobre nada em sua vida. Era má irmã, má amiga, má namorada e um desastre como filha, isto era porque, constantemente cometia erros que os outros não podiam ignorar e sempre que eles aconteciam, ela se chicoteava e miúda, escondia o rosto na sua pequenez e se mostrava ainda menos bela do que antes parecia.
         Por vezes, ela sentiu como se fosse, uma peça que veio sobrando na caixa do quebra-cabeça e que se de certa forma, deixasse de ser Clarabella, não notariam a diferença ou talvez percebessem que as coisas haviam melhorado, mas jamais atribuiriam isto à inexistência dela, porque nunca fez nada que despertasse tanto a atenção para ela. Talvez se ela tivesse sido bailarina como a avó quisera, quando ela sumisse, alguém perceberia que ninguém mais ali dançava.
         Mas Clarabella não dançava, não cantava, pintava ou escrevia. Era ruim em tudo, até em ser ela mesma, tinha dificuldades. O pai dizia que era culpa da sua tamanha preguiça e desinteresse pelas artes da vida. Arte mesmo era viver. Viver sendo Clarabella.
         No mundo dela, nunca se ouviam interrogações, sempre interjeições.
         -Vamos Clarabella, traga logo isso. - -Clarabella, senta direito, olha a coluna, Clarabella!”- -Clarabella, não come isso, conta as calorias, Clarabella!- -Não me desagrade!- “Não faça manhã, não dê escândalo, olha o drama, Clarabella!-
         Ninguém nunca perguntava onde ela queria almoçar e qualquer dia desses, ela queria almoçar batata recheada, mas ninguém queria saber disso.
         Sua mãe a apelidou de “Monstra” e na frente de todo mundo, a chamava assim, porque a pobre coitada da menina,era diferente das outras meninas que queriam ser diferenciadas agindo da mesma maneira. Clarabella Monstra, por não seguir padrão, tornou-se aberração e por não sentar-se de pernas cruzadas sob o vestido rosa de seda, tornou-se exceção. Mas ser exceção só era bom se você fosse bela e ela estava mais para fera.
         Certo dia, ao acordar, percebeu que havia se tornado um terrível ser coberto de pelos esverdeados, com unhas enormes, sujas e duras e ela cheirava à esgoto. Clarabella respirou aliviada, pois não mais precisava fingir ser igual ou tentar ser bela.

- Marcella Leal

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Essa metamorfose ambulante

Image

Eu tenho mesmo essa mania infantil e chata de querer controlar o mundo e principalmente as pessoas. Eu não sei deixar as coisas acontecerem sem eu ter certeza sobre cada etapa e dos passos em falso que possivelmente as pessoas estão dando. Não sei assumir os meus passos em falso, não sei aceitá-los e não consigo compreender o dos outros. Costumo carregar nas costas o meu mundo e os que não são meus, porque eu faço mesmo isso, eu sento do lado e quando eu vejo, já tomei as dores e as lutas, mas por vezes, o mundo dos outros já pesou de mais sobre meus ombros até eu deixar cair e ir embora de vergonha por ter quebrado o que não era meu.
Tenho uma dificuldade tremenda em perdoar, uma facilidade imensa em pedir desculpas porque eu sempre acho que tudo é culpa minha e que eu tenho um débito eterno com a sociedade, mas por mais que eu peça muitas vezes que me perdoem, ás vezes eu mesma não perdoei os outros ou a mim mesma.
Minha auto-estima, infelizmente, não é das melhores. Há milhares melhores que eu e se aceitar como sendo mais uma no meio da multidão dói menos do que se achar a melhor de todas, sem de fato ser. Não sei fazer esse jogo infanto-juvenil de “Nossa, eu sou a mais linda da minha sala.” “Nossa, tudo que eu faço fica melhor do que o que Fulana faz”, não sei me achar sensacional, não tenho esse amor próprio tão grande a ponto de não enxergar a realidade e pior ainda, os meus erros, as minhas falhas. Eu sei mentir, sei fingir, sei atuar, mas não para mim mesma.
Guardo rancor, fico magoada, fico chateada e não falo... e nossa, como dói não conseguir dizer o quanto algumas coisas me machucam! Sou uma pessoa difícil de lidar: Emocional, dramática, sistemática, impaciente e briguenta. Geralmente acredito que estou certa e vez ou outra convenço outras pessoas que realmente estou.
Sou ciumenta, não aceito que cheguem perto do que é meu, tenho ciúmes do meu namorado, dos meus amigos, das minhas coisas. Eu não aprendi a dividir, e se já te emprestei alguma coisa, você ou é um chato que não largou do meu pé até eu me render, ou você é alguém em quem eu confio de mais.
Parei de ligar para o que falavam de mim na sétima série por um fato que não vale o meu tempo lembrar, falo palavrão, faço besteira, respondo as pessoas mentalmente para não mandar ninguém à merda. Sou agressiva, vivo armada para que não cheguem perto, empino o nariz pra me defender do mundo e diminuir a minha pequinez.
Sou manhosa, mimada, gosto que me cuidem, me escutem, me entendam, me aceitem, me elogiem. Sou uma menininha que leu muitos contos de fada e sempre espera o melhor das pessoas, mas quebra a cara com a maioria delas.
Desculpa, mas eu tenho os meus defeitos... e nada vai mudar isso para sempre.
           
                                     - Marcella Leal 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

(in)altera

Image

       Talvez devesse simplesmente fazer as malas e dizer “Adeus”, ligar para o namorado, pegar a estrada e amanhecer o dia em Fim do Mundo, sem dar satisfação, endereço ou justificar essa fuga real que tantas vezes já ocorreu no plano do imaginário. Mas, ela não tinha coragem, não teve em dezessete anos de ir ao shopping sem avisar, e não teria ao completar dezoito, de fugir sem indicar seu rumo e sem nem sequer pensar em um. Há coisas do interior da gente que não mudam entre as 23:59 de uma véspera e da 00:00 de uma data, há coisas que permanecem sendo minimamente alteradas no decorrer dos dias, das semanas, dos meses e quem sabe até dos anos. Gradação: A vida é exatamente essa figura de linguagem ocorrendo no passar de cada instante.
             Pode ser que ela ainda pareça a menina mole e comportada que sempre foi nas suas quase duas décadas, mas existem coisas que só quem convive com o coração de alguém consegue dizer. O problema é que a maioria das pessoas, convivem com o rosto das outras e por conviverem só com a casca fria e moldável, não conseguem entender por um olhar ou um sorriso, o que o coração quer gritar, e são essas as que não tem a capacidade emocional de compreender que assim como o universo está em constante mudança, estão também os seres humanos.
          Apesar de o sorriso não ter mudado e das tias ainda exclamarem que ela continua com o mesmo rostinho, a mente foi a coisa mais determinante na mudança da menina: Se antes pensava que poderia traçar linhas retas para chegar de A até B, hoje talvez prefira percorrer o alfabeto inteiro para na última volta, retornar à B. Se antes, dois números só somavam um único resultado, hoje talvez compreenda as matemáticas da vida, de outra forma. Pode ser que seja uma capa inalterada, uma capa que apenas expandiu e criou corpo devido à idade, mas dentro da capa, não mais pensa a menina de oito anos, pensa agora a de dezoito.
      A de dezoito, sente vontade imensa de amanhecer o dia no Fim do Mundo, mas é inteligente o suficiente para entender que é melhor avisar que é lá que estará do que simplesmente fugir, porque  seu corpo se distancia de algo, mas sua cabeça não. Talvez o que tenha mudado entre os dezessete e os dezoito , não seja o fato de ter atingido a maioridade, obrigatoriedade de voto, responsabilidade pelos próprios atos, permissão para dirigir e beber, talvez a única coisa que realmente alterou, seja o modo de pensar, o modo que escolheu agir e ser de agora em diante. Agora, querendo ou não, as pessoas vão conviver somente com o coração.

                                                 - Marcella Leal

(Faço 18 no dia 22/02, esse texto não é sobre mim e você não deve acreditar em tudo aquilo que lê.)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Tu...

Image

    A cada dia que passa percebo o tamanho do espaço que você tem preenchido na minha vida e em mim, é uma quantidade enorme de lugares que você habita e que antes não me davam motivos para abrir esses sorrisos no meu rosto e são sorrisos que vem tão sem querer, ás vezes de lembrar de algo, ler uma mensagem, ouvir sua voz e conversar com você, são sorrisos que me completam tanto e que contribuem de forma tão especial para eu ser quem me tornei hoje, que sinceramente amor, eu não saberia te explicar como.
    Porque se tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas, então sou desde lá, responsabilidade unicamente tua e amor, eu simplesmente não sei deixar de ser.
    Para sempre – e eu sei o peso enorme que as seis letras dessa palavra carregam - cada centímetro de mim será seu, inclusive meus pensamentos e o meu coração te pertencerão por toda a vida. E no decorrer dela, sei que te terei ao lado para segurar minha mão quando estiver com medo, para me abraçar quando estiver precisando, para me beijar quando estiver feliz e para me confortar quando estiver chorando e é também por isso que você merece todo o amor que sinto por você, esse sentimento que expande a cada dia que passa e que se alastra ocupando e preenchendo todo meu mundo, antes completamente vazio.
      Você é um pedaço tão grande de mim hoje que se você for embora, eu também vou, porque me desintegro e altero essa constituição que tenho agora, torno-me outra: Uma outra sem a felicidade de possuir o seu amor e carinho, outra pessoa que eu não quero me tornar porque ser sua, te pertencer, completar você e me completar é simplesmente a melhor coisa que aconteceu desde já e desde lá, nunca mais pensei em mudar. Assim é simplesmente perfeito.

                                                 - Marcella Leal

p.s:  Todos sabem, mas vale reforçar que a frase citada no texto com alterações: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”, foi retirada da obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

"Estamos indo de volta pra casa"

Image
      O ensino médio me deixou calos nos dedos, uma gastrite nervosa, insônia pré-prova, estresse e amigos de quem eu não vou me esquecer, trouxe também pessoas que estou rezando para nunca mais encontrar na vida – nem na fila da padaria. Me deixou bons momentos e outros de tristeza e choro e “Aí meu Deus, o que eu faço agora?” e inúmeras histórias para contar, dias para me lembrar e sentir saudades, muitas saudades, como eu sei que eu vou.
       Por alguns momentos, cheguei a duvidar sem um dia essa rotina de uniforme completo, almoço no restaurante da esquina e “Ou, compra um suco na cantina pra mim?” iriam acabar. A greve da federal, o vestibular adiado, a maratona prolongada. O tapa na cara que o ENEM me deu, a aprovação na PUC que só aumenta a ansiedade pela UFG, a recuperação em matemática que me pegou tão de surpresa que cheguei em casa e chorei duas horas seguidas sem explicar nada pra ninguém.
       Enfim, foram tantas coisas, foram tantas pessoas, que três anos mesmo que tenham passado rápido de mais, em alguns momentos me pareceram eternidades e talvez sejam estes os momentos que eu vou esquecer com maior rapidez, mesmo que o meu relógio mental tenha cronometrado-os como mais longos.
       Um primeiro ano cheio de intrigas, panelinhas e um mundo novo pra novata que veio da escola fraca e não sabia nada de nada. Um segundo ano estável, com seus escândalos típicos de seriados estadunidenses, uma união incrível e a vitória dos jogos internos do colégio. Um terceiro ano marcado por muito medo, nervosismo e pela separação da nossa turma.
Image
       As amizades que foram surgindo com o tempo: a Alice, que me chamou a atenção por ser parecida com uma blogueira famosinha e que apesar de ser o poço de metidez que me pareceu a primeira vista, também foi nesses anos uma excelente amiga -mesmo tento me derrubado no chão e me unhado - que esteve comigo quando eu precisava andar sem rumo comendo uma barra de chocolate no sol das 2 da tarde, quando derrubamos macarrão no supermercado, vimos duas prostitutas/travestis semi-nuas na rua, fomos ameaçadas por uma transexual no restaurante e corremos feito loucas de três maconheiros, que resolveram nos assaltar no caminho da escola ao restaurante oriental do Wal-Mart. Fizemos o bolo colorido mais catastrófico da história mundial e os cookies de aveia mais cheios de manteiga do mundo (talvez nosso negócio não seja cozinhar), sentamos juntas nas duas viagens à chácara do colégio e ela colheu pitangas na árvore para mim só porque sou linda.
    O Igor que com toda a sua gordura corporal me saiu um amigo e tanto! Um amigo que devora a comida da minha casa, quer mostrar a barriga de tanquinho pra minha mãe, posta minhas fotos lindas espontâneas no Facebook, ameaçou me trocar no recreio pelo meu irmão de 11 anos e se acha só porque foi “pras Europa” e voltou metido. Alguém que eu e o digníssimo já escolhemos pra ser padrinho do nosso futuro filho, então já está proibido de ir embora da minha vida porque eu ainda preciso ficar tentando arrumar mulher pra você e porque assim como o Chandler vai ter que fazer com o Joey em F.R.I.E.N.D.S, ou eu ou o Daniel vamos ter que deixar você morar no nosso porão.
    E por falar nele, a “praga do inferno”, Daniel, que vai ganhar cem mil por mês e dominar o mundo e que mesmo sendo o mais fechado dos meninos, é também um dos mais próximos e como essa proximidade também é literal – afinal sento perto dele desde sempre-  é ele quem escuta minhas historias, reclamações, horários no salão de beleza da Sheila, ameaça me pôr na camisa de força, adora uma fofoca, teve amores recalcados em todos os anos do ensino médio, é a cara do Mattew Perry, minha dupla de prova de sociologia e filosofia e é também a mão que eu unho quando estou com raiva, ou esmago quando estou com cólica. Sei que ele nunca vai se esquecer de mim pela minha feiúra marcante, porque escrevi Pornografia no estojo dele, fiz a melhor biografia do mundo sobre ele e porque eu tenho o número do pai dele gravado no celular e ligarei caso ele não queira me atender.
    O Matheus com quem eu era MUITO implicada no primeiro ano porque ele discordava de mim no grupo de prova de biologia e chutava minha cadeira durante a aula, mas que hoje é um ombro amigo, por quem minha mãe pergunta quase toda semana, que conseguiu conversar com meu pai por horas e horas, é dono do Negão, o cachorro mais manhoso que eu conheço e foi na casa dele que eu passei pano de chão: raridade,honra, motivo para se orgulhar. Talvez o que eu vá mais me lembrar do Matheus no futuro seja de uma manhã de quinta feira, antes da primeira aula de matemática, que ele colocou um fone de ouvido em mim e disse “Vou te mostrar uma música massa, chique de mais.” e começou a tocar a coisa mais brega que eu já tinha escutado no ano, mas que de um jeito ou de outro, melhorou meu dia que já tinha começado péssimo.
      O Ronan, que apesar da sua semana de depressão mensal, já me fez dar muitas gargalhadas, principalmente com sua frase histórica do “Deixa a garrafa de Coca na rua pro mendigo ficar com a boca dociiiiiiiiinha”. E entre um “E aí, como vai a vida?” e outro, já conversamos muito sobre muitas coisas, namoros, rolos, futuro e quando a situação apertava, voltávamos para o nosso plano ideal de plantar drogas na Colômbia, ficar ricos, administrar o negócio de longe e viajar pelo mundo, com parada obrigatória em Ibiza para que ele pudesse se divertir um pouquinho se é que vocês me entendem... O Rô saiu do colégio no segundo ano para se dedicar a um sonho e apesar de ter deixado saudades, ele fez o que muitos de nós gostaríamos de ter feito e não tivemos a coragem de fazer.
     A mais feia de todas as pessoas que eu conheci naquele colégio, metida, respondona e que virou gente grande no meio do terceiro ano e abandonou a gente pra se exibir no ensino superior. Eu não gostava da Marielle quando ela entrou na escola, pura invejinha e ciúme dos amigos, mas depois que fui obrigada a sentar do lado dela durante um semestre, comecei a suportar a enjoada e muito de vez em quando sinto a falta dela lá na sala...
     E depois que a Mari foi-se embora, a Vanessa tímida, calada, quietinha, do outro lado da sala veio sentar no lugar que era dela e com o tempo e talvez como estratégia de sobrevivência, foi se soltando até nos tornarmos amiguinhas, mesmo ela sofrendo diariamente com o bullying de uma turma inteira por causa de um romance que a gente inventou. Chorona, mal podia imaginar a possibilidade de ter ido mal em uma prova, quase fomos ver ela dançar com guarda-chuvinha no colégio e passamos muita vontade nela com o chocolate que ela não pode comer até passar o vestibular.
     Uma que vai deixar um aperto enorme no coração é a Juliana, que fugiu pra Minas só pra nunca mais ter que ir na sala do Adelimar ou da Júlia resolver alguma coisa lá da sala. Super “abraçativa”, carinhosa, era alguém com quem eu atravessava a sala só pra parar na frente dela e dizer “To ferrada” ou pior ainda “Tá tudo ferrado”. A Ju, era uma força que equilibrava a sala e que unia a gente pelo que queríamos e é alguém muito insubstituível e que eu dei muita sorte de ter convivido. Rachel Green, vulgo Mariana Paiva, cúmplice dos meus olhares durante as aulas de inglês porque é necessário ter alguém com quem rir de certas coisas na vida, idealizadora do projeto “Waffle House em Goiânia!” e que pelo pouco que conheci, já mostrou ser uma pessoa super legal, que eu terei sorte se continuar encontrando ela por aí depois que esse inferninho acabar. Legal como ela tem também a Victória, sempre pareceu bem nerd, mas na verdade, quando se solta, só faz a gente rir.
      A Julia (sem acento no U, senhor corretor ortográfico), minha fofa da jurema pra quem eu ainda devo um real e que me mandou um trecho de um texto meu aqui do blog por dias, até nós duas decorarmos ele. Jamais imaginei que eu a teria como amiga, mas já conversamos, desabafamos e eu torço pra que ela não me esqueça quando tudo isso acabar porque eu com certeza não vou me esquecer: das nossas risadas, dos nossos desesperos juntas, dos abraços de bom dia, da caridade que ela fazia toda quarta me escolhendo pro time dela na educação física e de tudo que já passamos nesses últimos anos.
       Loris, minha futura colega de direito na UFG e que nunca foi concorrente porque eu sei que a gente vai passar essa pequena barreirinha (a prova de que aprendi a usar eufemismos nas aulas de gramática está aqui) juntas e que me falou no 1º ano que não podia ficar no corredor de cima durante as aulas da tarde. Parecida metida, parecia esnobe, parecia enjoadinha, mas não é nada disso.Tem a mãe do Red Wilson do cabelo sempre improvável, que nos apelidou de “amiguinhos” e me fez rir tanto quando sentava atrás de mim no segundo ano, com a história do sapo que ela queria criar desde girino se não ele não ia amá-la, com o grito no meio da sala “Alguém sabe quem ganhou o Raul Gil?” e a incrível teoria de que se ela tampasse o nariz, iria gostar de todo mundo já que não estaria sentindo os feromônios dessas pessoas. A Karolzinha fofa, meiga, engraçada e que tem uma risada muito marcante, um jeito despreocupado de ser e que me fez muito feliz por ter me chamado para pedir um conselho sem eu nem saber que tinha essa moral toda.
        A Victórya com quem já tive meus altos e baixos, meus momentos ruins e meus momentos bons. Ela que já teve um texto que deu o que falar baseado na minha amizade com ela aqui no blog, que fez brigadeiro na minha casa e me acompanhou em uns programas de índio no passado... E ela sabe, que "apesar dos nossos espinhos", somos o que sempre fomos, mesmo com desentendimentos, briguinhas, tempos sem se falar, temos muita história para contar.
        O Gustavo do Harry Potter, que eu fiquei devendo brownie e paguei com bolo de chocolate,que me conheceu por esse blog e fez parte de altas conversas de madrugada no final do ano passado e ínicio desse com outros amigos, ganhando o apelido de Pé de Alface. O Renan que também estava nessas conversas e que hoje aperta minha bochecha em todo santo recreio e passou a mão suja de xixi no meu rosto. E nessas conversas também estava o Príncipe da Barbie metido, Pedro Paulo. E como ele, houveram outros amigos nesses anos, que mesmo tendo sido próximos por pouco tempo, me marcaram, e citar nomes seria ficar aqui até amanhã.
        Minha amiga há seis anos, Anna Victoria, que passou por dificuldades muito parecidas com as minhas e talvez isso tenha sido a motivação maior para os nossos “safáris” no recreio, onde conversamos e nos ajudamos dentro do possível. Sempre andando com a Mariana Guimarães, cheia de histórias sobre férias e a Michelly, metida só porque usa os acessórios mais lindos.
         O Cléber do violão e das músicas que eu conheço, os Gabrieis: Lucindo e Damatta que apesar de terem o mesmo nome são completamente diferentes e cheios de características marcantes que os diferem na nossa memória. O Galvão, que me cumprimentava sempre com o “E ai, Marcellinha?”, o Vitim que fazia falta quando não descia pra almoçar com a gente e que o Sancho consultava nas aulas de história. O Rodrigo Paizim com as histórias da cidade dele e que quase matou uma senhora nas férias, o Alvim viciado em coca e as ótimas de papo, Amanda e Sarah.

Image

       E esse texto era pra ter uma página do Word no máximo, mas não tem como sintetizar sentimentos, ainda mais quando se tratam de amigos que estivera com você em momentos difíceis e felizes, que me abraçaram na rampa do colégio quando eu não contive as lágrimas e que pularam comigo na arquibancada da quadra para torcer pelo nosso time. Portanto, antes de escrever o “- Marcella Leal” de todo post aí embaixo, eu tenho que agradecer a cada um de vocês pelo carinho, por me ouvirem, me entenderem e por terem enchido minhas memórias de coisas boas: Obrigada por serem assim, tão especiais e por terem feito meu ensino médio ser muito mais do que só conteúdos, e cada um de vocês contribuiu para isso, os citados, os não citados, todos. E enfim:

                                      - Marcella Leal

PS- Caso leiam, me deixem saber pra eu correr de vocês por vergonha no colégio, através da caixa de comentários.
* Se esqueci alguém muito importante, por favor (mesmo), me desculpem e me avisem no colégio =/