"Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver...
...
O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
Só de encontrar... Ah!!!


[Los Hermanos]





De repente o tempo mudou e um vento imensamente afiado meu acompanhou por todo caminho.
Esse vento, totalmente desavisado, me pega desprevinida e incita o meu cantar.
Por todo o meu trajeto, cantamos.
Ele bagunçou todo o meu cabelo e, consequentemente, todos os meus pensamentos.
Colocou minhas borboletas em festa.
Secou as minhas lágrimas e me arrancou, um pouco à força, um sorriso.
Gosto do ventos, gosto dessa ventania...me pego imaginando subindo, voando e sumindo pelos ares.
Gosto do vento atrevido que me provoca arrepios.
Gosto do vento "faca na mão", que consegue me cortar depois de muito pensar.
Gosto do vento invasor, que invade, provoca, me lembra, me faz esquecer...querer, poder, negar...
Gosto de ventania...todo dia!
Gosto de vento...que (in)venta o meu venTAr.

Os teus olhos no meu céu...

Atravessei todo o percurso de mãos dadas com você.

"Entre nós, não havia distância porque éramos atravessados um pelo outro...
Não éramos fronteiras dentro desse lugar...
Esse lugar era infinito.
Esse lugar era o amor nos nossos olhos."

[José Luís Peixoto]

"Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. E fumo, e fico horas sem pensar absolutamente nada: (...) Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais."

[Caio Fernando Abreu]

"Não, os jardins não morrem no inverno,
(...) apenas sofrem um pouco
mais fundo do que de costume.
Coisa assim,
eu penso e aprendo
olhando meu jardim sobrevivente".

[Caio Fernando Abreu]

"...
Tenho o desassossego dentro da bolsa.
E um par de asas que nunca deixo.
Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo.
E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui.
Ontem, eu perdi um sonho.
E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir...
Mas não tem nada, não.
Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera.
E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é. "

[Fernanda Mello ]

Mesmo num dia totalmente frio e cinza,
com um céu cheio de nuvens,
dá para perceber a beleza do
encantado azul que baila no céu.
Procurando por uma fresta na janela
Eis que um brilho de sol
Um raio pequeno, porém quente
Que, agora, aquece um pouco meu
C
O
R
A
Ç
Ã
O
Sinto o gelo derreter
As águas rolando
Umidecendo os "brincos de princesa"
Que você me deu.
Num segundo, o que era cinza
ganha COR(ação)
sendo possível visualizar
as cores das borboletas
que saíram do estômago
para um encontro com você.
É possível deparar com
um lindo arco no céu
É o seu:
Arco
Í
R
I
S.


[Taís]

"Qual a melhor forma
de te alegrar,
Qual o melhor jeito
pra te ver feliz
...
Eu sei que tudo isso
tem uma razão
...
E a minha foi achar você..."


[Myllena]









E como canta o T.M., a cena repete...
Repete na memória de tempo em tempo, de maneira tão intensa, tão viva, tão agora, que eu sinto o gosto das minhas lágrimas na boca.
Um misto de sal ... saudade.
Quando olhei pra você, naquela rede laranja, batendo os pés na parede para obter o impulso a te balançar, senti daqueles instantes de felicidade que enchem o peito de um não sei quê de ternura, que chega a desanuviar a confusão e dores dos dias.
Dentro de mim brotaram pensamentos.
Eu pude passar horas ali, te vendo, sem nenhuma palavra, sem nenhum movimento mais, mesmo com a vida correndo lá fora; até mesmo porque, a pressa que mora aqui dentro, desacelerou.
Para quê pensar nos dias, pensar no tempo?
Tudo estava ao meu alcance.
Eu começava e terminava naquele exato momento, sabe como é?
É, mais ou menos, assim: sem antes, nem depois.
Agora, quando acontece de não saber o que sentir exatamente por você, eu fecho os meus olhos e lembro.
Recordo, recordo, recordo da mão na mão, do colo, do abraço, do cheiro, do olhar perifério...
E esboço um sorriso bobo e me sinto mais boba.
Não me importo; pois acho que bobo é quem não se deixa levar assim.
Não tenho medo: eu me entrego.
E minhas borboletas permancem em festa com as lembranças do seu sorriso, do seu cheiro.

Eu tenho certos medos por você.
Tenho medo de que te machuquem, por isso fico parada, impedindo alguma passagem.
Carrego no peito uma coisinha tão fofinha que tenho vontade de emoldurar, com um vidro blindado, pra olhar todos os dias e pensar:

_Nossa, como é bonito esse amor que eu sinto.

Eu queria também que você tivesse acesso a esse emoldurado. E, ao passar por ele, pudesse sentir esse amor que bate cá em mim e falasse à você mesma:

_Nossa, como é bonito esse amor. É de verdade, esse amor existe, ela existe.


Porque o teu sorriso eu vou deixar na estante...