Era inverno de 78 na França. Tudo que Nathalie tinha era um telefone anotado num papel desbotado no bolso esquerdo do casaco azul. Muitas horas de viagem e pouco dinheiro, enquanto a cada esquina cruzada, a procura por uma face amável se distanciava mais e mais.
Ela era a musa dos incompreendidos, ele, o arquiteto dos amantes. Ela, os versos imcompletos, ele, o poeta sonhador. Ela era a protagonista de uma cena de amor, ele, o diretor em busca de uma tomada perfeita. Ela o frio, ele, o cobertor. Ela o fogo, ele o ardor.
E numa chama que se acendia, finalmetne se encontraram numa madrugada de quinta, à beira de um rio qualquer. Os olhos fechados, o tênis amarelado, quase na ponta dos pés. Suas bocas se encontraram, no ritmo de uma valsa sem fim. As luzes da cidade comemoravam, junto com as ruas cinzentas sem movimento, que adormecia em silêncio O tempo não os tornara amantes exaustos, mas o frio fazia os dedos das mãos tilintarem. Ali estava aquecido, mesmo que a três graus negativos.
2009, 20 de Maio, por