Hoje minha mente está pregando peças. Coincidência que seja no primeiro dia de menstruação, com hormônios à flor da pele? Provavelmente não. Apenas o lembrete mensal de que ser mulher não é fácil. Vim de um relacionamento de oito anos que por muito tempo me fez bem, me ensinou muita coisa e contribuiu para eu me tornar a pessoa que sou hoje. Contudo, o final dessa relação veio carregada de meses de insegurança, má comunicação, dúvidas, baixa autoestima, angústia e lágrimas. Não houve briga, não houve gritaria ou desentendimentos, mas já não estávamos conectados e demorou para assumirmos que essa era a situação (um para o outro e para nós mesmos). Esse período impactou profundamente a percepção que tenho de mim mesma e em termos de como me relaciono. É muito fácil para mim me diminuir para dar lugar ao outro. É muito fácil me colocar numa posição inferior à outra pessoa, como se eu tivesse a maior sorte do mundo de que ela tivesse me escolhido. É muito fácil esquecer um pouco de mim...
No espaço de tempo entre a primeira vez que quis segurar a sua mão até hoje parece que muito se passou. Na verdade, são poucos meses, menos de meio ano. Esse gesto marca para mim o entendimento de que o que estávamos construindo era de fato um relacionamento. Até então, eu ficava em cima do muro tentando entender se o que estava acontecendo – e o que eu queria – era apenas casual ou algo mais profundo. Lembro claramente de estarmos descendo a Augusta depois de uma decisão espontânea de ir para um bar, sem saber qual, em uma noite para a qual já estava preparada para ficar em casa de pijamas (adoro a espontaneidade que você trouxe para minha vida, mas deixemos isso para outro texto). Eu olhei para você e para mão e foi como se eu projetasse o calorzinho que eu gostaria de estar sentindo em meus dedos. A vontade de querer sentir sua pele e me sentir conectada a você estava transbordando de mim, quase como instinto. Pensei “Será que é íntimo demais? Será que ele vai achar estranho?”. ...