Liga Portuguesa
Demolidor
Foi um FC Porto absolutamente demolidor aquele que ontem, no Dragão, goleou o Sp. de Braga, por quatro golos sem resposta.
Depois de um encontro com a Naval em que se receou por novo adormecimento dos dragões no regresso após a pausa natalícia, o jogo de ontem pareceu afirmar precisamente o contrário.
Não tivesse a opção de Jesualdo no escalonamento da equipa sido a melhor (como creio que foi), a verdade é que quando ainda muita gente entrava no estádio e já Lisandro facilitava as contas, inaugurando o marcador, após passe de Bosingwa, que tinha roubado a Miguelito em zona proibida.
E este terá sido um daqueles jogos que constarão nos livros para justificar a importância de entrar bem no encontro e marcar cedo. O FC Porto moralizou-se ainda mais após o golo, mandando totalmente no encontro e o Sp. Braga não conseguiu libertar-se da forte pressão dos da casa, não conseguindo desenvolver o seu jogo.
Assim, foi com alguma naturalidade que Raúl Meireles fez o segundo golo, após magistral passe de Lucho, numa altura em que os azuis e brancos roçavam momentos de brilhantismo no seu futebol.
Depois do segundo golo verificou-se, com naturalidade, uma diminuição da velocidade do jogo dos dragões, que passaram a controlar mais as operações, gerindo o esforço e o resultado, descansando com bola, à boa maneira do "Porto de Mourinho".
Na segunda metade, o FC Porto, embora menos incisivo que na primeira metade, entrou bem, continuando a controlar as operações, embora os arsenalistas, mais libertos, tenham subido de produção e tenham tentado fazer o golo que os colocasse de novo na discussão do resultado, o que quase conseguiu com Linz a falhar na cara de Hélton.
Aqui a primeira crítica a Jesualdo. O treinador dos dragões manteve o mesmo onze em campo durante demasiado tempo. Com o jogo controlado, como estava, com Adriano esgotado, como estava desde pouco depois dos 60 minutos, não se justificava insistir nos mesmos jogadores, quando no banco estavam jogadores a necessitar de minutos de competição, desde logo Farías e Bolatti.
Contudo, Jesualdo só mexeu na equipa à entrada dos últimos dez minutos, e com resultados muito positivos. Farías entrou muito bem em campo, a tempo de fazer uma assistência para Lisandro marcar o terceiro golo, e, aproveitando um roubo de bola de Lucho ainda na zona defensiva bracrense, marcar ele próprio o quarto golo, já nos descontos, quebrando um sempre preocupante jejum para qualquer avançado.
Contas feitas, o FC Porto voltou a aproveitar o empate do Benfica, aumentando a vantagem no topo da classificação para 11 pontos, e seguindo firme no caminho para o tri-campeonato.
Talvez mais importante do que aumento da vantagem terá sido a exibição demolidora. Não creio estar a exagerar quando considero que este terá sido talvez o melhor FC Porto desta época, conseguindo afastar o fantasma do mau reinício de campeonato após a pausa natalícia.
Tudo muito bem encaminhado para mais um título, parecendo claro que o maior adversário do FC Porto nesta liga será o próprio FC Porto, pelo que se a atitude e concentração da equipa for qualquer coisa semelhante ao que se viu ontem no Dragão então os adeptos dos azuis e brancos, bem como os seus jogadores não estarão a ser arrogantes quando sentirem que têm tudo para conquistar o título. Não estarão a ser mais do que realistas.
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FC Porto: torna-se quase impossível distinguir o jogador em destaque neste FC Porto.
Hélton esteve mais uma vez seguríssimo, correspondendo com qualidade nas poucas vezes que foi chamado a intervir.
Bosingwa foi mais uma vez brilhante pela direita, bem a defensar, extraordinário a atacar, com uma velocidade alucinante, registou uma assistência para golo.
Cech continua a ser o ponto mais fraco da defesa, não sendo exuberante no apoio ataque, ainda assim cumpriu defensivamente, fechando o lado esquerdo.
Pedro Emanuel continua a mostrar toda a sua experiência, é uma voz de comando muito importante na equipa, algo que às vezes é mais importante do que frescura nas pernas.
Bruno Alves voltou a mostrar porque é hoje um dos melhores centrais europeus. Imperial no jogo aéreo.
Paulo Assunção continua a ser um dos elementos mais importantes desta equipa, fundamental no equilíbrio defensivo e revelando nos últimos jogos uma maior apetência para integrar as operações ofensivas.
Raúl Meireles foi de novo muito importante no meio-campo, ganhando muitas bolas, fazendo o trabalho "chato" de correr muito e mais uma vez marcou, o que para um jogador da sua posição é sempre de assinalar.
Lucho foi imperial. Um jogador fabuloso, do qual começam a faltar adjectivos. Duas assistências para golo, para além de ter pautado todo o jogo ofensivo dos dragões.
Quaresma apesar de não ter estado muito inspirado, conseguiu ainda assim fazer um jogo positivo. Alguns pormenores brilhantes, daqueles que fazem os adeptos pagarem bilhete para ir ver os jogos ao estádio. para além disso um jogo esforçado. Ontem não foi necessários ser ele a decidir.
Lisandro fez mais dos golos, mesmo mais afastado do centro do ataque voltou a ser mortífero. Cansa vê-lo jogar. Não pára, sempre em luta pela bola, um jogador fundamental neste FC Porto.
Adriano não fez um grande jogo. Talvez o elemento mais apagado da equipa. Ainda assim mostrou-se muito disponível para correr e lutar, deslocando-se muitas vezes para as alas, permitindo a entrada de Lisandro. Estava esgotado desde os 60 minutos, saindo apenas depois dos 80.
Farías em pouco mais de dez minutos em campo fez uma assistência e marcou um golo. Pode ser o despertar de um goleador. Um jogador que mostra pormenores, nomeadamente jogando de costas para a baliza, de craque.
Mariano e Bolatti jogaram poucos minutos, sem nada de especial a assinalar.
Foto: Associated Press
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Filipe Queirós @ 13:44