Na Idade Média apenas os leitores mais habilidosos conseguiam ler “mentalmente”, sem dizer em voz alta aquilo que estava escrito. Acho que depois que você liga a voz dentro da sua cabeça ela resolve nunca mais ir embora.
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Na Idade Média apenas os leitores mais habilidosos conseguiam ler “mentalmente”, sem dizer em voz alta aquilo que estava escrito. Acho que depois que você liga a voz dentro da sua cabeça ela resolve nunca mais ir embora.
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— É estranho. Quanto mais eu fico mais quero ficar e eu nunca esperei que fosse me sentir assim, sabe?
— Não. Não sei.
— Ah.
— É.
— É só que eu sinto falta, mas não de tudo, então não quero ir. Acabei mudando e sabendo mais de mim do que sabia antes de me tornar uma pessoa completamente diferente.
— Você mudou?
—É, acho que nos dois sentidos. Eu estava lá e agora estou aqui, sinto saudade, mas em vez de voltar quero trazer tudo pra cá.
— Acho que entendi.
— Eu fiz amigos. Amigos mesmo. Mais do que todos que já tive. Mais do que eu achei que poderia fazer um dia, é estranho, não imaginava.
— Nem eu.
— É…
— É.
Dizem que quem ama é feliz na felicidade do outro. Ela está feliz, eu não fico feliz sem ela. Eu poderia fazê-la melhor, sentí-la melhor, sorrí-la melhor, aquele sorriso que tanto devia ser meu e de mais ninguém.
Ela aproxima e afasta e finge que não sabe que eu rio e choro e sofro calado, que sonho acordado e prometo parar, como apenas um vício antigo que eu pudesse largar. Um vício que também me gosta, que me procura à procura de abraços, mas não me deseja como eu gostaria que o fizesse.
Repreendo-me pois sei que é errado, sei que não devia, mas ela nunca sentiria falta dele enquanto estivesse comigo.
I never…