Archive for outubro, 2010
sapos
sapos são seres rômbicos, agudos
e sua trégua é ineficiência.
pregado pela minha consciência
vou transformar os sapos em veludos.
a prima facie de um sapo é o medo
tão repelente da mão tocá-lo. o dedo
me sobra para amá-lo. em cada lente
carrego aquele sapo. e tenho medo!
(romério rômulo)
“mão”
a minha mão, cavalo das estradas,
caminha como pássaro na noite.
bêbada, trêfega, incólume, açoite,
trava meu corpo de carne deslumbrada.
pelo rescaldo do tempo, viés, caldo de rio
com margens a romper pedras e águas,
a minha mão estrada cão, pedra no cio,
traduz em galos a voz da madrugada.
a minha mão é todo ser tangente
tão de repente, pois tudo é de repente!
romério rômulo
