terça-feira, outubro 14, 2014

Brincadeira, choradeira para quem vive uma vida inteira

Acostumada a acompanhar os DVDs do Palavra Cantada no repeat, Helena estranhou quando o show acabou no palco. Ficou pedindo mais. Era sua primeira vez no teatro, onde fomos assistir a um musical com as canções do grupo. Ao perceber que os bonecos e bailarinos não voltariam, ensaiou bico e cara de choro. Apertou o pescoço do pai num abraço dolorido.

Eu te compreendi, filha. Frustração doi bem assim.

quarta-feira, julho 23, 2014

Todo dia ela faz tudo sempre igual

"Eu moro em mim.
Mas ô casa bagunçada."

Não sei quem é o autor. Li por acaso na internet e pensei: ué, quem poderia me conhecer tão bem?
Ando precisando de um pano de chão e uma dose de coragem para mudar móveis de lugar e tirar o pó encrustado nas quinas do peito. Por outro lado, esse caos em que perambulo me traz um certo conforto. Tudo tem seu lugar, ainda que nada esteja no lugar. Difícil de entender? Imaginem para mim.

terça-feira, julho 22, 2014

A galinha usa saia e o galo, paletó

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Até uma semana atrás, Helena era louca pela Galinha Pintadinha. Assistia aos mesmos filmes incontáveis vezes ao dia sem sinais de cansaço. Até que, de repente, resolveu que não gostava mais. "Não", "não", "não", foi o que passou a dizer ao menor sinal da Galinha e sua turma na tela da TV. Todo o amor foi então deslocado para os incansáveis Patati Patatá. Os pedidos por Popó viram súplicas por Titi. Uma, duas, dez, incontáveis vezes ao dia sem sinais de cansaço.

Hoje pela manhã, vendo-a jogada no sofá, mergulhada no mundo dos palhaços, fiquei achando lindo a inocência infantil e a liberdade de poder fazer as próprias escolhas; de mudar de opinião e de gostos quando der vontade sem que isso se transforme em drama.

quinta-feira, julho 17, 2014

Sob o signo de áries

É bem verdade que a onça já não lhe causava medo e que sua habilidade com varas curtas havia melhorado bastante nos últimos anos. Mas uma onça é sempre uma onça.

Por impulso, pagou para ver.
(Sob a proteção de uma grade, obviamente)

segunda-feira, julho 14, 2014

Obsessão infinita

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Entrei novamente naquelas de repetir um diálogo imaginário ad nauseam. E as frases sempre terminam em porquês e juroquenãoentendo. Aí caio em mim, desdenho do ridículo que sou, e prometo encerrar a conversa com meu interlocutor inventado. Dura cinco minutos.

- Por quê?


sábado, julho 12, 2014

Até dentro de você nascer, nascer o que há




A verdade é:
uma inveja gigante. 

Sem culpa e real.
Sem saber o que falta.

Onde fica o ponto de partida?
Qual o norte da minha bússola imaginária?

Quero sair do canto. 
Cadê o Ok que estava aqui?
O gato não comeu o sonho. 
Enterrei-o em algum lugar. Eu.

Mas a cova é rasa.

Só preciso encontrar minha pá.

quarta-feira, julho 09, 2014

A vida é tão rara

Que haja calma. Que a intolerância encontre o caminho do meio. Que não seja uma questão de cair no chão e enxergar somente um céu e um búfalo. Que sejamos meio Cazuza, meio Lenine. Enquanto o tempo pede pressa, eu me recuso e vou na valsa.

quarta-feira, março 12, 2014

Tá tudo padronizado no nosso coração

Outra noite sonhei que escrevia uma carta embaixo do chuveiro. Estranhamente, as palavras azuis não se apagavam com a água. Estranhamente, sabia o que buscava em pensamento. Cabelos enrolados nos dedos. A palidez da pele e uma saudade absurda das coisas simples. Como de quando não se comemorava mesversários de crianças, porque a espera de um ano inteiro fazia o brigadeiro ter sentido. De quando ninguém levava a sério existir algo como bodas de pipoca-pirulito-sorvete somente para jogar na cara do mundo o quanto se é feliz com alguém mais que perfeito no universo maravilhoso das redes inventadas. Tive saudade de ser somente. Estalar dedos e lembrar das horas vividas em viagens de verdade, paisagens contempladas em plenitude, quadros & esculturas que existem na admiração de quem permite se emocionar com o impalpável. Não sei onde paramos. Tampouco, imagino que loucurinhas mais tornarão o que antes era agora em sentimentos adiados em uma foto de instagram. Quero de novo o signo imaginário, a conversa percebida por trás dos olhos. A falta de pressa que não espera mais 15 segundos pelo elevador que nãocheganuncameudeus?

Como se faz para d-e-s-a-c-e-l-e-r-a-r?


quinta-feira, março 06, 2014

Somos quem podemos ser

Nesse meio tempo em que estive fora daqui, tornei-me mãe. Há pouco mais de um ano, estou vivendo o processo insano e arriscado que é ver uma pessoa se formar. Desde então, descubro que palavras batidas ganham significados que somente têm algum sentido quando banhadas de maternidade.

Outro dia, enquanto brincava com Helena no salão do prédio - um lugar ainda inexplorado para dois pequenos pés tamanho 20 -, atirei longe a bola e pedi-lhe que fosse buscar. Olhos ansiosos miravam o brinquedo, sem nenhum sinal de dar origem a poucos passos adiante. O medo do desconhecido era maior que a vontade.

Foi quando senti uma mão macia agarrando a minha. Um convite para a aventura que era desbravar aquele terreno insólito, e lá estava eu pensando em como é bom ser a segurança de alguém; em como esse tempo, em que a minha mão será tudo o que ela precisa para seguir em frente, vai ser tão breve.

Aceitei seu pedido e fomos atrás da bola. A pequena com sua mãe necessária, e eu com a certeza de que a efemeridade de cada um desses momentos os torna urgentes. Porém, sem pressa.

quarta-feira, março 05, 2014

Quem irá dizer que não existe razão?

Das coisas que me doem no peito: ver pessoas fazendo/dizendo coisas muito idiotas e lembrar que um dia já fiz/disse o mesmo. O consolo é saber que todos somos capazes de repensar velhos conceitos e evoluir. Como vi hoje em um dos episódios de Grey's Anatomy: o progresso é uma coleção de fracassos. Parece clichê. E é. Mas que clichê não carrega em si uma grande verdade repetida sem cessar?

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Mudaram as estações, nada mudou

Todos os dias, pego uma rua proibida. A placa é visível e tenho consciência do erro. Olho para os lados, procuro um guarda, e passo.

Todos os dias, prometo que será a última vez. Mas como um vício, lá estou eu de novo, batendo na mesma tecla, cujo som  já sei de cor. Por que insisto? Eis me, aqui: um coração selvagem cheio de mistérios.

Mas também pode ser chamado de burrice.

E não é de vida sentimental, vejam só. Ou, quem sabe, é.


segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Uma parte é o começo; a outra, o fim

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Quando comecei a escrever aqui, eu tinha 21 anos e nenhum (ou todo) peso do mundo nas costas. Os dramas eram efêmeros - ainda que eu não soubesse disso naquela época. Foi graças a cade um deles que aprendi a diferenciar o que fere como navalha na carne do que é raio passageiro de dor. Hoje tenho quase trintaecinco. Demorou todo esse tempo para que eu confirmasse  o óbvio: indiferença machuca pracaralho. Deus concorda comigo; vomita da sua boca quem anda nessa mornidade sem fim.

E eu, que sou tempestade de areia, me afogo numa colher quente de chá. Vazia.

Foto: Sly Panda

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Fumei um cigarro e meio e Narinha não veio

Foi fruto de uma inquietação sem tamanho. Talvez alguma saudade e um quê de qualquer coisa (mesmo que sem sentido) mandando que eu andasse para frente. "Sem olhar para trás sob o risco de virar estátua de sal" - OK, repeti mentalmente a frase que tantas vezes escrevi nos últimos sei lá quantos anos. Ad eternum. Como esse pulsar latejante e desritmado que diz muito pouco, mas leva a altas viagens. Quase lisérgicas, meuirmão. Não, não tentem entender. Estarei cá e lá, sozinha e com o mundo. Sem pressa. Não é assim que defendem que tem de ser? Posso até correr, vejam bem, mas é naquele compasso desconectado, naquela sinfonia do bater das asas de uma borboleta amarela. Estou voltando. Tive vontade de escrever estou-voltando-bicho, como um velho irmão de calças boca-de-sino e a música brotando no peito. Não me faltou coragem. Um contexto, quem sabe. Porque não há de ser amarras. É isso. Um dia virei aqui e direi algo que comece com era-uma-vez. Serei livre.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Coisa sem explicação

1. É quando a ansiedade (sempre ela!) dá às mãos ao frio na barriga e chama o medinho de amigão querido.

2. Como pode dois momentos tão diferentes da vida provocar os mesmos sentimentos?

3. Um reino de coisas sem nome porque elas só existem como a ideia de um céu de baunilha.

4. Repito a mim mesma: quem disse que ia ser fácil?

terça-feira, janeiro 10, 2012

De onde vem a calma?

Em uma palavra: ansiedade.
Em uma frase: se segura, malandra.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Existe razão?

- Então naquele instante era você mesma ou aquela outra?
- Quem disse que há diferença entre as duas?
- E não há?
- Há o mais juvenil de uma misturado com o mais pé-no-chão da outra.
- (...)
- (...)

domingo, janeiro 01, 2012

Vai sem direção, vai ser livre

Rodeada de amigos e sentindo as mãos de almofada de Deus, meu ano começou como dedo enfiado no bolo de aniversário. Renovam-se as esperanças, os desejos e a vontade de trilhar os caminhos certos. Sejam eles quais forem.

Feliz ano novo para mim. :)

sábado, dezembro 31, 2011

Felicidade é só questão de ser

Tenho certo dó de gente que diz não se arrepender de nada. Gente para quem sempre tudo valeu a pena do jeito que foi; que se recusa a entender que ideias & pensamentos imutáveis não são sinônimo de personalidade forte, mas de oportunidades perdidas de ser alguém mais equilibrado e consciente de si mesmo.

Do meu lado, eu me arrependo tanto.

Das vezes que fui ingrata ou egoísta com quem não merecia (ou até merecia). Dos perdões que deixei de pedir. Das grosserias proferidas na cólera do instante e que depois virou somente uma vergonha cravada no peito. Das pessoas que amei pouco. Do tempo perdido com a cabeça cheia daquilo que não fazia o menor sentido. Dos instantes de pura preguiça (ou medo) de tomar uma atitude e escolher ser levada de qualquer jeito. Dos beijos que não dei. Do excesso. Da falta. Da covardia de não querer enxergar. Dos pés metidos pelas mãos. Da autossabotagem, que parece ser um forte meu. Da crença de que não viveria sem isso ou aquilo, mas que na verdade, não significava nada. Das palavras que ficaram presas somente no pensamento, e que foram embora sem despedidas. Dos instantes de pura maldade. Da ideia desnecessária de dor. Do caminho escolhido errado. Do mau-humor fora de hora. De ter, por vezes, perdido a capacidade de ser leve e acreditar que Deus faria o melhor.

Não se trata de copos meio cheios ou vazios. Mas de querer fazer o que é certo (ainda que esse nem sempre seja o mais justo).

Enfim.

Encerro o ano ao som de Marecelo Jeneci. Felicidade é só questão de ser. Um 2012 maravilhoso para todos vocês que porventura passem por aqui. :)


01. Felicidade - Marcelo Jeneci

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Ser feliz é tudo o que se quer

Anos passam, e a máxima permanece aqui:

- A gente não controla o sentimento mas controla a atitude.

(Não), controla(?)

terça-feira, dezembro 27, 2011

Ai Se Sêsse

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse