Irmãs

Todas as manhãs, e várias vezes durante o dia, a pergunta repete-se: gostas da mana? Do alto dos seus dois anos, a Teresa diz de sua justiça. Normalmente de manhã é um sim, se se zangam ou se está com alguma telha desajustada lá sai um não resmungado capaz de desmoronar um ego de cinco anos por norma bem resistente.

Seis anos, Teresa

Vieste ao mundo 21 dias antes do que te esperávamos. Calmamente, sem grande estardalhaço, nasceste num dia bonito e fresquinho. Como tu.

Aprendeste a ler sozinha, encaixas entre o turbilhão e a tempestade.

Nos teus olhos enormes cabem todos os pormenores, aqueles em que te perdes quando caminhamos pelo campo e te fazem ficar para trás. Não te importas, porque não estás atrás, estás a ver, a sentir e a sonhar como eu me lembro de estar em criança. Perdida na imaginação, assim és tu também.

És irresistível e doce. Terrível na teimosia, mesmo assim ternurenta. Firme nas ideias.

Surpresa boa, ainda bem que vieste antes do tempo, não podia esperar mais.

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O David e a desigualdade

Tinha já tudo pensado, com os seus muito vividos quatro anos com duas irmãs mais velha: as formigas subiam, faziam um buraco, com uma palhinha punham nas maminhas o leite que viria a dar aos seus filhos.

David, cortei destrutiva, os rapazes, os pais, não dão leite pelas maminhas aos filhos.

-“Não?!” Admirou-se.

-“Não.” Insisti.

Tristíssimo, de lágrimas nos olhos virou-me as costas. Não era mais meu amigo.